Livro: A arte da sedução - Ann Major Página 2

... ondessa. O céu azul brilhante ficou nublado. Os olhos de Amy arderam. Não! Ela não estava chorando! Estava dirigindo rápido demais, e nunca dirigia desse jeito. Com a mão trêmula discou outra vez o número da mãe, só que dessa vez esmagou o telefone celular contra a orelha. Soando sem fôlego, sua mãe atendeu no oitavo toque. — Alô! — Mamãe! Finalmente! Uma coisa horrível aconteceu! Estive ligando para você sem parar. Durante horas. A última parte foi um exagero, mas sua mãe merecia. — Precisa de mais dinheiro? Que eu assine outra hipoteca da Vintage? Onde você está, queridinha? Está terminando o namoro? Hoje não é o seu grande dia? Como está indo a liquidação? — Mamãe, não estou na Vintage. Estou no North Shore. — Amélia, pensei que nós tínhamos concordado que você não correria mais atrás do Fletcher! Será que mães em algum momento saem dos seus papéis maternos? A última coisa que precisava era de sua mãe recomeçar a falar sobre como Fletcher era irresponsável e indiferente. Por que ligara para sua mãe, entre tantas outras pessoas? Talvez porque Carol, a filha favorita, sua irmã, casara-se nada menos que com um Lorde inglês e morava numa propriedade distante uma hora de Londres, e lá era tarde da noite. Porque sua melhor amiga, Liz, estava sentada de pernas cruzadas num refúgio em Molokai. Porque o telefone de Fletcher, como sempre, estava desligado. Porque sua mãe era irmã de Tate. Porque, pelo amor de Deus, ela era sua mãe. E se tivesse de ir à França, quem tomaria conta da Vintage? Conchas foram esmigalhadas ruidosamente sob os pneus quando Amy freou na frente da casa sem pintura de Fletcher. Como sempre, a casa e a vizinhança pareciam tão miseráveis que lhe davam calafrios. — Amélia! Não diga que você dirigiu até a casa de Fletcher sozinha! Amy rangeu os dentes. — Você podia se sair tão melhor. — Mamãe, estou crescida. — Às vezes tenho dúvidas. Carol não teria perdi ...

o seu precioso tempo. — Também não comece a falar da Carol! — Isso tudo é culpa do seu pai. Ele era um perdedor e, como você era a favorita dele, não conseguia enxergar isso, acredito, até que percebi que você se sente confortável com perdedores como ele. — Você casou com ele. — Não me lembre disso. — Mamãe! — Não que esteja contente que ele tenha me deixado ou que esteja morto, que Deus o tenha. Do seu carro, Amy examinava nervosamente os carros e caminhões quebrados no jardim da frente da casa de Fletcher. Então ela reconheceu a tábua de surfe amarela dele na caçamba de sua velha picape azul e sentiu uma onda de alívio. Sua mãe suspirou. Amy nunca gostara da casa que ele comprara e alugava para surfistas, ou do estilo de vida comunitário que a acompanhava, mas os preços dos imóveis em Oahu eram altos. Ela não estava em posição de poder criticá-lo. Ali, as pessoas de poucos recursos tinham de fazer concessões. Como o valor da casa de sua mãe aumentara extraordinariamente ao longo das últimas duas décadas, Amy tivera de se mudar para lá para economizar aluguel e ajudar a mãe com os impostos sobre a propriedade. — Amélia, você ainda está aí? Os dedos de Amy alisaram o couro macio do volante. — Mamãe, ouça. Um advogado da França, com um sotaque irritante e uma atitude afetada demais me telefonou. — O que ele queria? — Tia Tate morreu enquanto dormia na semana passada. — Eu. não posso acreditar nisso. Eu. Eu falei há pouco com Tate. Ela disse que tinha ido a todas aquelas festas em Paris. — Mamãe, eles já fizeram o funeral. Ela foi cremada e colocada num nicho ou alguma coisa assim no Château de Fournier. — O quê? E ninguém chamou sua única irmã? Eles a enfiaram no Château de Fournier? Ela detestava aquele lugar! — Aparentemente só hoje eles encontraram a agenda de endereços da tia Tate. Sua mãe ficou em silêncio, em choque ou, mais provavelmente, de mau humor. Como muit ...

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